quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Tanta celeuma em torno das nomeações governamentais é uma tremenda bobagem


Tem governo novo no país em 1º de janeiro, com Dilma Roussef (PT) assumindo a presidência. Assim como tem novo período administrativo em Sergipe a partir da mesma data – sendo que os sergipanos concederam ao governador Marcelo Déda (PT) mais quatro anos à frente da gestão estadual.

Mas o que anda ‘pegando’ mesmo no noticiário são as nomeações para os cargos que comporão as administrações vindouras. E são tantos ‘diz-que-me-disse’, exercícios de adivinhação e críticas sobre a forma de escolha de nomes que até parece que existe algo de realmente novo nessa parada toda.

Primeiro vem um insistente (e relevante, diga-se) questionamento quanto à capacidade dos nomeados. Bom, em relação aos que estréiam na administração pública – algo mais comum na esfera federal, por se tratar de um novo governo desde a gestora principal -, não há muito que se falar, sendo que o aguardar e o conferir em relação às ações futuras configura-se na mais correta (e prudente, para não queimar a língua logo de saída) ação.

Já em relação aos que seguem nos cargos – aqui numa referência mais próxima da situação sergipana -, o desempenho até o momento é que fala por si. Basta ver o que os nominados já realizaram e, daí em diante, avaliar com base em fatos.

Num segundo instante, o que a imprensa mais critica são as ‘negociações’ em relação às nomeações. Partido ‘x’ leva ‘y’ cargos, legenda tal encaixa ‘fulano e sicrano’ e cotas variadas são devidamente carimbadas pelos analistas de plantão. E, de maneira geral, num tom bem agressivo e denuncista, como se estivessem sendo formadas ‘máfias inescrupulosas’ para gerirem a máquina estatal.

Mas, na boa, onde é que está o motivo de tantos regramentos sobre os métodos de escolha de auxiliares para o Executivo por parte da mídia? Em que momento foi que a população concedeu aos colunistas e/ou comentaristas, por exemplo, esse ‘poder’ sobre a formação de futuros governos?

Opinar – e isso aqui, no blog, é uma regra – é um exercício correto sempre. “Olha, penso que em tal vaga encaixa-se bem Beltrano da Silva, pelo seu perfil.” Ou ainda: “esse ou aquele segmento partidário têm compromissos que se coadunam com essa ou aquela pasta.” Até aí, exerce-se a saudabilíssima opinião.

Mas o que vemos nas páginas dos jornais e da net, nos programas de rádio e telejornais variados, são simplificações simplórias – com o perdão da redundância – do tipo: “partido negocia apoio em troca de cargos”, ou, pior ainda, “o gestor ficará refém da agremiação”.

Só tem uma coisinha básica: quem recebeu o direito de escolha da equipe de auxiliares foi o vencedor da eleição, de forma democrática. E lá, no período eleitoral, quem venceu já contava com apoios políticos explícitos – ao menos em termos partidários. Será que os analistas midiáticos esperavam que os eleitos dessem um ‘chute na bunda’ de quem os apoiou? Isso sim é que seria uma excrescência em governos que se formam depois de uma eleição legitimada pelo voto popular.

Então, fica a sugestão aos pretensos formadores de opinião: questionem, com extremada veemência, mudanças que, por ventura, aconteçam no decorrer das gestões. E estejam atentos ao desempenho dos que forem escolhidos desde o primeiro dia de trabalho deles.

E deixem pra lá essa bobagem de ‘formar governos na tora’. Porque isso, na real, nem de longe se parece com uma abalizada opinião. Na verdade, o que fica no ar nesses casos é uma caricata vontade de influenciar decisões que o povo, com sua sabedoria expressada através do voto, outorgou a quem se candidatou, se expôs e venceu a eleição. À imprensa, pelo bem da sociedade, cabe fiscalizar os que exercem o poder. Não combina com o bom e isento jornalismo o papel de exercer, ele próprio, o poder. Mesmo porque não há procuração assinada pela população para tão pretensioso intento.

E aí, já que você chegou até este ponto neste quilométrico e opinativo texto, que tal dar a sua opinada básica também?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quando o medo de que coisas boas passem despercebidas vale um texto

Imagine você participar de um evento em que as pessoas que são ‘as estrelas’ do acontecimento simplesmente não querem nada mais do que fazer a própria parte – ou que, ao menos, não desperdiçam nenhuma força na autopromoção (com ou sem hífem?), focando basicamente em seus trabalhos sociais. Isso é algo tão singelo e, ao mesmo tempo, tão cruel para quem vive de e da ‘mídia’ que acaba valendo um texto por aqui.

Fui convidado para entregar um troféu para figuras anônimas que, por conta de suas histórias bem particulares, fazem mesmo a diferença em nossa sociedade. Trata-se do "III Simpósio Nacional Anônimos na História”, evento realizado pelo pessoal do curso de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e que segue até o próximo sábado, 11.

Mas foram tantas histórias interessantes, todas amarradas por um eixo social decisivo, que passei a me perguntar: porque diachos tem tanta gente que aparece midiaticamente sem nada fazer ou dizer de interessante? Aquelas pessoas ali, no evento da UFS, merecem louros e reconhecimentos, e os tiveram na abertura do simpósio. Mas se elas nem ‘existem’ além daquele universo particularíssimo, em termos de ‘notícia’, o que as motivaria a continuar com suas atividades de voluntariado exemplificador de forma tão segura e constante?

Aí me bateu uma ideia e muitas apreensões. Ora, não cabe mais na mídia a geração espontânea de acontecimentos. E nem ações que, por si, calem no coração de todos e, assim, virem notícia – logicamente excetuando-se tragédias e afins. Por isso é que omito, propositadamente, cada nome, cada história e uma por uma das maravilhas que pude presenciar para fazer um desafio: alguém pode ir à UFS e desenterrar do limbo comunicacional aquelas 11 histórias – foi esse o número de homenageados – e trazê-las à tona?

Não me atrevo a fazê-lo por estar do ‘outro lado’ do jornalismo. Enquanto assessor de comunicação abstenho-me, até para não reduzir belas situações à mesmice de um release qualquer. E agora imploro que jornalistas em atuação efetiva deem  um pulinho na UFS até o próximo sábado (dia 11, para ficar bem claro) e cavem essas pautas do bem. Elas não têm nada de incomuns, ninguém faz milagres por lá. Mas são histórias que merecem ser contadas. Quem se habilita?