sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quando o medo de que coisas boas passem despercebidas vale um texto

Imagine você participar de um evento em que as pessoas que são ‘as estrelas’ do acontecimento simplesmente não querem nada mais do que fazer a própria parte – ou que, ao menos, não desperdiçam nenhuma força na autopromoção (com ou sem hífem?), focando basicamente em seus trabalhos sociais. Isso é algo tão singelo e, ao mesmo tempo, tão cruel para quem vive de e da ‘mídia’ que acaba valendo um texto por aqui.

Fui convidado para entregar um troféu para figuras anônimas que, por conta de suas histórias bem particulares, fazem mesmo a diferença em nossa sociedade. Trata-se do "III Simpósio Nacional Anônimos na História”, evento realizado pelo pessoal do curso de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e que segue até o próximo sábado, 11.

Mas foram tantas histórias interessantes, todas amarradas por um eixo social decisivo, que passei a me perguntar: porque diachos tem tanta gente que aparece midiaticamente sem nada fazer ou dizer de interessante? Aquelas pessoas ali, no evento da UFS, merecem louros e reconhecimentos, e os tiveram na abertura do simpósio. Mas se elas nem ‘existem’ além daquele universo particularíssimo, em termos de ‘notícia’, o que as motivaria a continuar com suas atividades de voluntariado exemplificador de forma tão segura e constante?

Aí me bateu uma ideia e muitas apreensões. Ora, não cabe mais na mídia a geração espontânea de acontecimentos. E nem ações que, por si, calem no coração de todos e, assim, virem notícia – logicamente excetuando-se tragédias e afins. Por isso é que omito, propositadamente, cada nome, cada história e uma por uma das maravilhas que pude presenciar para fazer um desafio: alguém pode ir à UFS e desenterrar do limbo comunicacional aquelas 11 histórias – foi esse o número de homenageados – e trazê-las à tona?

Não me atrevo a fazê-lo por estar do ‘outro lado’ do jornalismo. Enquanto assessor de comunicação abstenho-me, até para não reduzir belas situações à mesmice de um release qualquer. E agora imploro que jornalistas em atuação efetiva deem  um pulinho na UFS até o próximo sábado (dia 11, para ficar bem claro) e cavem essas pautas do bem. Elas não têm nada de incomuns, ninguém faz milagres por lá. Mas são histórias que merecem ser contadas. Quem se habilita?

Um comentário:

  1. Pois é, Xará, a imprensa sempre espera por tragédias. Passa lá no www.artorpedo.zip.net e faça-me uma visita. Fim de dezembro chego por aí.

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