Imagine você participar de um evento em que as pessoas que são ‘as estrelas’ do acontecimento simplesmente não querem nada mais do que fazer a própria parte – ou que, ao menos, não desperdiçam nenhuma força na autopromoção (com ou sem hífem?), focando basicamente em seus trabalhos sociais. Isso é algo tão singelo e, ao mesmo tempo, tão cruel para quem vive de e da ‘mídia’ que acaba valendo um texto por aqui.
Fui convidado para entregar um troféu para figuras anônimas que, por conta de suas histórias bem particulares, fazem mesmo a diferença em nossa sociedade. Trata-se do "III Simpósio Nacional Anônimos na História”, evento realizado pelo pessoal do curso de História da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e que segue até o próximo sábado, 11.
Mas foram tantas histórias interessantes, todas amarradas por um eixo social decisivo, que passei a me perguntar: porque diachos tem tanta gente que aparece midiaticamente sem nada fazer ou dizer de interessante? Aquelas pessoas ali, no evento da UFS, merecem louros e reconhecimentos, e os tiveram na abertura do simpósio. Mas se elas nem ‘existem’ além daquele universo particularíssimo, em termos de ‘notícia’, o que as motivaria a continuar com suas atividades de voluntariado exemplificador de forma tão segura e constante?
Aí me bateu uma ideia e muitas apreensões. Ora, não cabe mais na mídia a geração espontânea de acontecimentos. E nem ações que, por si, calem no coração de todos e, assim, virem notícia – logicamente excetuando-se tragédias e afins. Por isso é que omito, propositadamente, cada nome, cada história e uma por uma das maravilhas que pude presenciar para fazer um desafio: alguém pode ir à UFS e desenterrar do limbo comunicacional aquelas 11 histórias – foi esse o número de homenageados – e trazê-las à tona?
Não me atrevo a fazê-lo por estar do ‘outro lado’ do jornalismo. Enquanto assessor de comunicação abstenho-me, até para não reduzir belas situações à mesmice de um release qualquer. E agora imploro que jornalistas em atuação efetiva deem um pulinho na UFS até o próximo sábado (dia 11, para ficar bem claro) e cavem essas pautas do bem. Elas não têm nada de incomuns, ninguém faz milagres por lá. Mas são histórias que merecem ser contadas. Quem se habilita?
Pois é, Xará, a imprensa sempre espera por tragédias. Passa lá no www.artorpedo.zip.net e faça-me uma visita. Fim de dezembro chego por aí.
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