sábado, 18 de setembro de 2010

Educação é artigo futebolístico de luxo?

Não. Eu não inicio essa opinada (hehehe) com o objetivo de divagar sobre as maledicências ou ‘bemdicências’ do ensino público ou privado. A educação do título é outra. É aquela que vem de casa, de berço e da forma como os pais encaminham seus filhos. Sou pai e, por isso, tenho total consciência do terreno totalmente pantanoso em que invisto neste texto.

A questão que trago à tona é uma que a mídia estrepitosamente alardeou nos últimos dias. Refere-se ao caso Neymar, jogador do Santos, que foi tratado como ‘mal educado’ pelo técnico do Atlético-GO, Renê Simões. Um cara que tem vasto currículo no futebol – independente de ser um ‘colecionador de títulos’ ou não – alertou que o comportamento do jovem jogador santista precisa de um freio diante das atitudes malcriadas demonstradas em campo.

Deve ser mesmo um osso duríssimo ter em casa um ‘aborrescente’ que, no auge da mais tenra idade, já é um astro. Mas, como a maioria das famílias deve avaliar, esse sucesso do ‘moleque’ também é uma benção. Já pensou nas benesses que um filho endinheirado pode oferecer aos pais? Mas é aí que o bicho – e não se trata daquele que, futebolísticamente, é oferecido aos jogadores por cada vitória importante – efetivamente pega.

Como dizer ao garoto para que ele se comporte se o seu ‘destempero’ é combustível para jogadas geniais? Como pedir que o ‘pivete’ abandone a irreverência se está nela o seu maior trunfo dentro de campo? Ainda mais quando o ponto facilmente identificável como comum entre os jogadores de futebol é que eles, quase que invarialvelmente, são oriundos de famílias de baixa renda!

O que sobra, então, para ‘recuperar’ Neymar? Olha, na boa, acredito que um puta zagueiro, tão genial e eficiente quanto o atacante do ‘Peixe’, seria a solução educacional para o guri. Quando o jogador/pseudo-problema encarar alguém, em campo, que não seja facilmente subjugado pelos seus dribles e artimanhas, seguramente entenderá que ele, assim como todos nós, também tem limites. E aí o Neymar poderá, por força de uma coisa básica, a inevitável realidade, educar-se muito bem na escola da vida, aprendendo que ser bom ou ser ótimo são coisas importantes na trajetória profissional. Mas que ser humano, passível de erros, é condição essencial para nos mantermos gente de verdade, nem monstros e nem fracos. Apenas gente de verdade!

Pois é, mais uma vez opinei. E você, está esperando o quê?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Isso está muito chato!


Nem sei se opinar sobre política é algo válido efetivamente. Isso porque a lógica de um processo eleitoral é muito cruel: é um vale tudo em que, sem ofensas ao esporte que atende pelo mesmo nome, os golpes são dados, invariavelmente, abaixo da linha da cintura, sem dó, que dirá algum resquício de piedade.
Mas o assunto ‘quente’ é esse mesmo: eleições, eleições e, para variar um pouco, eleições. Então lá vou eu dar meus pitacos e, encarecidamente, pedir que você também dê os seus por aqui. Por isso escolhi dois recortes do atual momento das campanhas em curso.
O primeiro é a radical desvirtuação do debate de ideias e projetos na eleição presidencial. Só se fala no caso da Receita Federal. Sim, tudo bem, essa é uma questão grave e tal. Mas o Jornal Nacional, da Globo, dedicar dois blocos quase que integrais ao assunto e deliberadamente citar que há uma ‘crise’ é algo para a pulga efetivamente morder a todos atrás da orelha. Em especial porque, até agora, sobram ilações e ninguém, mas absolutamente ninguém, propôs uma questão simples: o que pode ser feito para que eventuais vazamentos no órgão não ocorram mais?  Isso é tão óbvio que nem dá para acreditar que não tenha sido discutido nas campanhas. Até o momento tudo converge para esse tema virar uma bandeira da oposição. E só! É muito pouco, gente. Isso passa a impressão de que não estamos em uma campanha eleitoral e sim num torneio de tiro ao alvo em que a oposição luta para furar o olho da situação a qualquer custo.
E o segundo recorte eu dedico às eleições estaduais sergipanas, mais precisamente na disputa pelo governo. Só uma campanha, a da situação, apresenta realizações, embasando em números suas informações, e também faz uma projeção de projetos para o próximo mandato, caso sagre-se vencedora no dia 3 de outubro. Já a oposição insiste em desmerecer, desmoralizar, tratar com desdém e diversos outros ardis com o claro intuito de fugir da questão que, ao menos em tese, deveria ser central: o que fazer para Sergipe evoluir, crescer e melhorar? Dessa forma sobra, de novo, a impressão de que isso não é campanha. A sensação que fica é de que os oposicionistas, ao invés de propostas, possuem apenas dardos nas mãos e que a mira, calibrada pelo discurso ferino, não enxerga nada além do oponente.
Marqueteiros podem até dizer que essas são formas de atuação legítimas, que a função é desconstruir o adversário. Só que eu, daqui e com apenas os meus botões, enxergo um mundo em que as pessoas comuns – targets, na linguagem marqueteira – não estão interessadas em desconstrução. O povo, assim opino (hehehe), quer mais é saber do que pode ser construído ao seu favor.
Bom, sei lá, vai. Mas creio que essas questões é que andam tornando o período eleitoral muito frio e sem graça. Chato mesmo. Para redimir a pasmaceira, espero que a eleição, tomara vinda em um belo domingo de sol, possa mostrar para todos – inclusos marqueteiros, candidatos, jornalistas, opinadores (meu caso, nesse caso específico) e afins – que as pessoas não votam contra. Gente vota mesmo é a favor.
Taí, opinei! E você? Gasta um pouco do seu tempo e opina também, vai!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Brasil: ame-o ou mate-o!

“E comeeeeeeeeça mais um mês de setembro! Os Patriotas tocam a bola. Mas os Nem Aí ficam só olhando o lance. E o jogo segue em velocidade. O time todo vai para o ataque. Vem chegando o dia 7 de Setembro aí. Tá de cara pro crime. Bateu e... gooooooooooooool! Ééééééé da pátria amada Brasil! Il, il, il, il...”.

Não, calma aí, nem pense que eu não gosto de futebol, eu adoro. Nem também pense que estou a utilizar as famosas comparações futebolísticas apenas como um recurso para chamar a sua atenção. A real é que, quando setembro chega, me vem aquela vaga lembrança de que este é o mês da Independência do Brasil, il, il.

Digo vaga porque, por mais que eu vagabundeie por aí, não encontro sequer uma bandeirinha, mínima que seja, gritando ao vento o verde, amarelo, azul e branco da nossa pátria, como que a honrar alguma mínima noção de patriotismo de nossa parte.

Mas há uns três meses a profusão de badeirinhas, bandeirolas, faixas, camisetas e o caralho a quatro – à zero? – forrava todas as cidades do país numa paixão incandescente pela seleção brasileira de futebol. Poxa, é bem legal a seleção brasileira da CBF. Mas porque excluímos a pátria dessa festa cívica justamente quando chega a data correta para isso?

Nada contra a manifestação de amor pela equipe de futebol. Mas não dá para se manifestar também pelo país que ela representa? E nem venham com essa história de falso moralismo, ufanismo utópico e cego ou coisa que o valha. Estou falando aqui é de mercado, vender bandeira, camisa, faixa, cerveja, alegria e quetais. Movimentar a roda da economia por uma razão mais legal – ainda que menos divertida – do que o futebol.

Também nem adianta lembrar que no dia 7 de setembro, a fatídica e independente data, tem os Desfiles Cívicos. Naquele circo as pessoas querem mais é exibir suas crias – “olha que linda minha filha, ainda bem que meu celular faz fotos. Tá tão bonita...”- e o sentido patriótico da coisa vai avenida abaixo também, num carnaval torto em que a bateria tem tons marciais e bem menos molejo.

Fica assim, então: setembro ao menos tem feriado nacional. Não tem nada de civismo sendo respirado e/ou ventilado pelas nossas ruas. E copa do mundo só tem de quatro em quatro anos. Portanto, amigos, bandeirinhas e festa pelo ‘orgulho patriótico’ só em 2014. Puta que o pariu, viu? Iu, iu, iu, iu, iu.