domingo, 29 de agosto de 2010

Das bandeiras a serem levantadas

Outro dia, lá pelo Twitter, engatamos discussão acerca de um dos ‘empregos’ que as campanhas políticas geram: os ‘seguradores’ de bandeira – tá, sei que o nome é terrível, mas na falta de outro, vai esse mesmo.



Não vou aqui citar o nome do outro debatedor, afinal ele não me autorizou, mas o resumo da divergência é simples: o amigo afirmava ser uma ‘crueldade’ empregar pessoas para ficarem nos semáforos, com aquela ‘cara de fome e tristeza’, empunhando bandeiras de candidatos.


Das bandas de cá, opinei (hehehe) que não via nada demais nisso, ou melhor, naquilo: segurar uma bandeira pode não ser o trabalho dos sonhos, mas é um trabalho, digno como qualquer outro. É uma forma da pessoa ganhar uma grana de forma honesta e tal.


Pois bem, o debate seguiu e o outro ‘opinador’ (hehehe, de novo) tentou me acuar desafiando-me a “segurar uma bandeira das 10 às 16 em plena Orla de Atalaia sob um sol escaldante”. Rebati com segurança e experiência: “amigo, já fiz locução em carro de som das 10 às 22h, sob calor do sol e da aparelhagem”.


Tudo bem que, até aí, era apenas uma divergência básica de posicionamentos bem pessoais. Mas foi quando o querido João Augusto, editor do Caderno 1 do Cinform, e que no TT atende pela alcunha de @ojoaoaugusto (parênteses imprescindível: vale seguir essa figura, seja no TT ou no modus operandi jornalístico. Pra mim é um mito entre os colegas na ativa em Sergipe), entrou no assunto para ressaltar que o semanário havia feito uma matéria mostrando que os ‘bandeirantes’ – tá, sei que forcei a barra pra valer agora – tinham garantidos para si os direitos trabalhistas que, de resto, atendem a todo e qualquer trabalhador desse país. Então dei-me por satisfeito e encerrei, de minha parte, a discussão por ali. Mesmo porque não discuto posições para convencer ninguém, apenas exprimo o que penso e isso me basta.


Mas ficou um ranço incômodo circulando entre os meus botões: porque diabos um trabalho, digamos, sofrido e sofrível tem que ser tratado necessariamente como algo humilhante? Para quem não tem outras perspectivas profissionais, o que vier é bem vindo. Dá pena? Dá dó? Tudo bem. Mas não é possível desconsiderar que aquela pessoinha lá, bandeirando no semáforo, não veio até a janela do seu carro pedir nada. Ela está fazendo a parte dela e ponto.


O porquê desse assunto merecer um textão opinativo desse? Simples: vi manchete no Uol que fala em coisa de 3 milhões de empregos temporários criados por conta da eleição. Então, vem aí e opine também. Sobre o mercado de trabalho eleitoral, mando o link logo abaixo. Até!


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/790644-campanhas-eleitorais-contratam-3-milhoes.shtml

2 comentários:

  1. Realmente, não desdignifico o trabalho da galera que fica nos semáforos e avenidas, à qualquer hora (portanto que seja rush), segurando bandeiras de candidatos. Da mesma forma que carnaval genra emprego temporário devido à demanda específica que aumenta durante o período, as eleições também é um 'evento' diante o mercado.

    Se no pré caju nós vemos até a tia da nossa vizinha, que nunca foi de vender nada, sair na avenida com um isopor para não perder a 'oportunidade', por que descartar a possibilidade de pessoas que, por conta do destino ou por outros fatores, tiveram o percurso educacional interrompido, mas que são interessados em trabalhar? Como qualquer mortal, as pessoas que trabalham na campanha de candidatos à cargos políticos precisam de dinheiro e segurar a bandeira do cara que tá ali, durante os três meses e pouco que antecedem as eleições, pagando uma grana extra, é mais do que digno. E deve dar fome também (da mesma forma que nossa barriga também cria esse abismo depois de uma pauta bem ou não sucedida).

    ;)

    A propósito, Christian, seu texto é muito leve e divertido, sem deixar de ser informativo, lógico. Gostei da discussão.

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  2. Concordo com a Raquel, acho que assim como o Pré-Caju, o período eleitoral pode gerar uma renda extra. Não sei quanto essa turma "fatura" por dia/semana/mês, mas acho um que é "bico" como um outro qualquer, digno. Lógico que é apenas um trabalho temporário e ninguém tem a obrigação de votar no tal candidato por isso, embora muitos com certeza convencem esta turma a votar neles garantindo que vão ter algum emprego ou benefício se o tal for eleito. Gostei do texto e do blog, parabéns Christian, vou estar sempre visitando este espaço, abs

    Fredson Navarro

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