segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Isso está muito chato!


Nem sei se opinar sobre política é algo válido efetivamente. Isso porque a lógica de um processo eleitoral é muito cruel: é um vale tudo em que, sem ofensas ao esporte que atende pelo mesmo nome, os golpes são dados, invariavelmente, abaixo da linha da cintura, sem dó, que dirá algum resquício de piedade.
Mas o assunto ‘quente’ é esse mesmo: eleições, eleições e, para variar um pouco, eleições. Então lá vou eu dar meus pitacos e, encarecidamente, pedir que você também dê os seus por aqui. Por isso escolhi dois recortes do atual momento das campanhas em curso.
O primeiro é a radical desvirtuação do debate de ideias e projetos na eleição presidencial. Só se fala no caso da Receita Federal. Sim, tudo bem, essa é uma questão grave e tal. Mas o Jornal Nacional, da Globo, dedicar dois blocos quase que integrais ao assunto e deliberadamente citar que há uma ‘crise’ é algo para a pulga efetivamente morder a todos atrás da orelha. Em especial porque, até agora, sobram ilações e ninguém, mas absolutamente ninguém, propôs uma questão simples: o que pode ser feito para que eventuais vazamentos no órgão não ocorram mais?  Isso é tão óbvio que nem dá para acreditar que não tenha sido discutido nas campanhas. Até o momento tudo converge para esse tema virar uma bandeira da oposição. E só! É muito pouco, gente. Isso passa a impressão de que não estamos em uma campanha eleitoral e sim num torneio de tiro ao alvo em que a oposição luta para furar o olho da situação a qualquer custo.
E o segundo recorte eu dedico às eleições estaduais sergipanas, mais precisamente na disputa pelo governo. Só uma campanha, a da situação, apresenta realizações, embasando em números suas informações, e também faz uma projeção de projetos para o próximo mandato, caso sagre-se vencedora no dia 3 de outubro. Já a oposição insiste em desmerecer, desmoralizar, tratar com desdém e diversos outros ardis com o claro intuito de fugir da questão que, ao menos em tese, deveria ser central: o que fazer para Sergipe evoluir, crescer e melhorar? Dessa forma sobra, de novo, a impressão de que isso não é campanha. A sensação que fica é de que os oposicionistas, ao invés de propostas, possuem apenas dardos nas mãos e que a mira, calibrada pelo discurso ferino, não enxerga nada além do oponente.
Marqueteiros podem até dizer que essas são formas de atuação legítimas, que a função é desconstruir o adversário. Só que eu, daqui e com apenas os meus botões, enxergo um mundo em que as pessoas comuns – targets, na linguagem marqueteira – não estão interessadas em desconstrução. O povo, assim opino (hehehe), quer mais é saber do que pode ser construído ao seu favor.
Bom, sei lá, vai. Mas creio que essas questões é que andam tornando o período eleitoral muito frio e sem graça. Chato mesmo. Para redimir a pasmaceira, espero que a eleição, tomara vinda em um belo domingo de sol, possa mostrar para todos – inclusos marqueteiros, candidatos, jornalistas, opinadores (meu caso, nesse caso específico) e afins – que as pessoas não votam contra. Gente vota mesmo é a favor.
Taí, opinei! E você? Gasta um pouco do seu tempo e opina também, vai!

10 comentários:

  1. pô, esse negocio de ficar desconstruindo o adversário é coisa de marqueteiro sem noção.. só pode ser... quem já viu ganhar voto por simplesmente falar mal do outro? tem que mostrar conteúdo, mostrar o diferencial.

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  2. Isso de desconstruir adversário é coisa de quem não tem argumentos positivos sobre o próprio candidato para expor. Coisa de gente que só consegue aparecer se for por meio da baixaria, de recursos sem consistência e veracidade.

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  3. Anselmo disse...O que esperar de alguem que já esteve no poder por 12 anos? Que plano de governo? João não trabalha em equipe não, a relação dele com o poder é como a de quem se casa na Igreja, ou seja, até que a morte os separe.

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  4. Pouco vi de novidade nessa campanha eleitoral para o governo do Estado. Os discursos se repetem a cada eleição. Quem está no poder mostra o que fez e tenta apresentar futuras realizações para garantir um novo mandato. Quem está na oposição o discurso é velho: se tem pouco ou nada para apresentar a saída é detonar seu adversário. Pelo menos ainda não vimos ataques pessoais, envolvendo seus familiares. Aí já é o fim. Quanto à campanha presidencial, é um jogo de informações e contra-informações que termina criando um desinteresse público quanto à verdade dos fatos. O fato é grave mas se torna banal quando se apresenta como armas de disputa eleitoral.

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  5. Nacionalmente falando, Dilma está firme e mantendo a distância correta das intrigas forjadas pela oposiçã, essa aqui, infelizmente arrebanhou uma imprensa de péssimo nível que lhe dá retaguarda suficiente para coibir o voto dos desavisados.
    Em Sergipe o discurso de um homem só, João, que pasmem, queria ser Senador para ao lado de Dona Maria (nepotismo duplamente qualificado pois não?)ser o primeiro casal de senadores eleitos. Gente quanta balela! Tens uma plataforma de governo, arregace as mangas e trabalhe, mostre-a, eleja-se por méritos próprios e não desmerecendo os outros.
    Acredito que a política em Sergipe tem um novo e contínuo rumo e o povo, apesar do rebuliço q tentam causar, vai votar é a favor, sempre!
    Obrigada Christian, ter um espaço para opinar sobre esses assuntos foi muito bem pensado, espero, passada as eleições continuemos a opinar sobre outros temas igualmente interessantes.

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  6. Anderson! Eu fico com o que Brayner postou no seu twitter: "Os aloprados de todos os partidos prejudicam aos seus candidatos. Aloprado é o sujeito que age pensando que vai ajudar para se creditar". Como já tinha conversado com você, os assessores prejudicam o candidato (além dele mesmo, é claro), ao fazer oposição tentando diminuir o outro candidato. Aqui em Sergipe vemos isso claramente de um contra o outro. O povo, como você escreveu, quer ver propostas e fatos. E não a diminuição do outro. Esse ano as eleições ficaram enjoadas. É fato.

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  7. Meu caro amigo, você realmente tocou em um ponto muito importante do momento (a desvirtuação da campanha eleitoral). Aproveito para parabenizar pelo trabalho, abraços. Clovis Silveira

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  8. A historinha é sempre essa mesmo, Anderson, de ter os dardos nas mãos, fechar os olhos e sair atirando para tudo quanto é lado com o intuito de desvirtualizar os demais candidatos - principalmente àquele que tem mais influência nos votos (e, nesses casos, que certamente está à frente).

    Acredito no poder das informações para me abastecer de dados (sem 'r' antes do segundo 'd') que me convençam de que aquele pode ser melhor para a construção de uma sociedade mais planejada e bem estruturada. Como apenas um ou outro me alimenta(m) com esses benefícios e o outro candidato não se preocupa em se manifestar a favor de projetos e reais intenções, aí fica assim... achando que não só eu sou idiota, mas que o povo, na hora da urninha do dia três, fará a contagem errada dos da(r)dos lançados... ai ai. Isso enfada pra cachorro!

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  9. É mais interessante transformar a campanha NUM ringue. Na falta de um discurso coerente e de propostas factíveis, o melhor caminho é o do ataque. Mas o que me deixa tranquilo é saber que rumo essa galera irá tomar após 3 de outubro.

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  10. Caríssimo, em 2002 o Serra Abaixo empilhou dinheiro no escritório da Roseana e em 2006 aquela história muitíssimo mal explicada do dossier contra ele, feito pelo Mercadante.O que poderíamos esperar agora, além dessa bagaça de quebra de sigilo da filha e do genro?A quem serve isso?Só a ele, Serra Abaixo, para fazer o único papel que ele conhece:o de vítima.O FHC disse, em entrevista ao JB, em '93, salvo engano:"O problema do Serra é aquele demoniozinho que ele tem dentro do corpo!"
    Palavra do mestre.
    Quanto ao 'Dotô Juão' e Maria, deviam exorcizar Sergipe.Isso só pode ser 'encosto', não é possível.

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